quarta-feira, 19 de março de 2008

Puzzle da Politica Castrense (5): Os Fedayeen da Oposição

O espectro político em Castro Daire tem muito em comum com o conflito no Médio Oriente. Repare-se no seguinte:

i) Já cá governou César;
ii) A oposição é como a Autoridade Palestiniana: Existem facções antagónicas que se odeiam mutuamente. Por exemplo, o líder desse maior partido da oposição está no alto da sua Mukaata, perto do poder e da terra prometida de Jerusálem, que tanto anseia (desde os tempos das cruzadas). A outra facção, mais radical acantona-se em Rafah. Como não podem uns com os outros entretêm-se com joguinhos. Apenas uma coisa os une: empurrar os israelitas para o mar e tomar conta do poder. Agora, tomar conta do poder é uma coisa, saber governar é outra. E eu, desconfio muito que alguma destas facções saiba.

Um poema para lavar a égua…


Como estava frio, muito frio, abri ontem à noite a porta de minha casa a essa sumidade da poesia castreja, esse destacado cultor das “belles lettres" e, ao mesmo tempo, escritor engajado com o real, o Sr. Bomjoão Assertivas. Bomjoão é um pouco tímido, mas depois de embalado, ele faz Camões parecer um principiante. Eu digo mesmo: só lhe falta ser zarolho, porque, de resto, também é um homem com a sua epopeia pessoal. E se Camões salvou “Os Lusíadas” esbracejando contra as ondas do oceano, Bonjoão Assertivas, de certo modo, seguiu-lhe, vá lá, as braçadas...
Despiu-se em tronco nu e lançou-se às águas da Paiva, em busca de peixe e ninfetas, mas só lhe saíram cagalhões e sacos de plástico das campanhas eleitorais! Mas Bonjoão é um poeta por natureza, e por isso, por mais dura que seja a experiência, como esta foi, ele acaba sempre por versificar as suas emoções e pensamentos. Eis o que escutei:

Por esse rio, nunca dantes navegado,
Eu naveguei, qual saudoso timoneiro,
Mas todo o meu curso eu vi errado
E então me desiludi, por inteiro,
Pois se quimeras, maravilhas eu sonhei,
Por fim, só lixo e merda eu encontrei...

Que se passa contigo, rio amado,
Onde mergulhei, desnudado, em meus verões,
Que te encontro tão densamente povoado
Por toda a espécie de cagalhões?
Oh abre-se-me o peito num rasgo,
Ou então pode ser só um engasgo,

Coisa natural nesta caudal tão ignoto,
Tão insalubre e imensamente pestilento,
Reino onde impera, majestoso, o cagalhoto,
Para o nariz oh tão cruel tormento...
Donde virá este odor tão malcheiroso,
Que me deixa tão pensativo e curioso?...

Eu só lhe quero descobrir a raiz,
A nascente de tais maldades,
E o que descubro, qual infeliz,
Senão que a razão de tais iniquidades
É que lá em cima, no castrejo cerco,
Quem demanda... enfim, só manda esterco!...


Olé!