sábado, 20 de outubro de 2007

Puzzle da Política Castrense

Como a vida de um homem não pode ser só trabalho, senão embrutece e embandeira numa qualquer espécie de ser misantropo, eu também tenho os meus hobbies. Entre eles, um, particularmente, me vem ocupando nos últimos dias: a construção de puzzles.
É uma actividade muito relaxante e à qual vou dedicando preciosos minutos. Não é meu costume escolher nenhum tema em específico. Habitualmente, contento-me com paisagens, fachadas de castelos, pequenos aglomerados de casas, enfim, tudo o que possa ter algum interesse e constituir, ao mesmo tempo, um desafio para mim.
Mas, num destes dias, permiti que o meu trabalho irrompesse um pouco na esfera da minha vida privada. Assim, decidi que faria um puzzle sobre a vida política da nossa terra, com todas as figuras que a compõem. Não foi difícil encontrá-las, quanto mais não seja porque, cada uma à sua maneira, todas procuram o seu protagonismo. A maneira como o atingem é que nem sempre é a mais católica. Mas isso são contas doutros rosários. Ao que interessa.
Pois eu já tinha recolhido todas as figuras políticas, as que governam (estará este verbo correctamente empregue?...), as que se opõem à forma como aqueles governam, e as que são, simplesmente, verbo de encher. Juntei-as todas, recortei-as a preceito, espalhei-as em cima de uma mesa, e comecei a fazer o puzzle.
Escusado será dizer que não tive grande dificuldade. Pudera! Se tinha sido eu a fazê-lo de raiz... Mas, como não contente comigo próprio, desfi-lo, logo que completo, e, para mera recreação pessoal, recomecei a fazê-lo, mas, desta vez, virando as peças de patas para o ar. Desta vez foi mais difícil. Andei ali às apalpadelas, mas tudo saiu bem, e, às duas por três, estava o puzzle de novo inteiro.
E agora? Estaria tudo no seu sítio devido? Confesso alguma excitação antes de voltar o puzzle. Mas nem hesitei. Voltei-o e... nem podia acreditar!... De facto, todas as peças se encaixavam umas nas outras, perfeitamente, mas as peças não estavam todas no mesmo sítio em que haviam estado da primeira vez. Mais: havia figuras políticas que, por capricho, estavam agora a ocupar sítios impensáveis. Por exemplo, uma figura da oposição tinha ido parar ao sítio de uma figura do “poleiro”, vice-versa, e outras situações afins. Inacreditável!...
Mas, depois de olhar uma e outra vez para aquele resultado, vi que, afinal, o puzzle, daquela maneira, continuava a fazer sentido. Porque seria?... Porque seria que ter uma figura do “poleiro” num sítio era indiferente a ter lá outra da oposição? Olhei com minúcia para as peças em causa. Ah! Eis resolvido o mistério! As peças, sejam umas sejam outras, tinham todas o mesmo feitio, e por isso, o puzzle fazia sempre sentido e mantinha sempre o mesmo reles valor. Então vi a solução para o puzzle da política da Princesa Serrana, essa vila beirã aninhada entre fragas e giestas: eram precisas novas peças... São precisas novas peças, que não se encaixem neste puzzle e queiram fazer um novo!