quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Cada cabeça, sua sentença, cada artista, seu calhau...

A criação artística é realmente das coisas mais extraordinárias de que um ser humano é capaz. Eu próprio, se tivesse mais tempo, dedicava-me de corpo e alma à arte. Aprendia um instrumento, a esculpir pedra, a pintar quadros... Assim, como não disponho de muito, tenho de me contentar com uma tela que lá tenho em casa, a qual vou borrifando com tinta, conforme os desencargos me permitem.
Porém, a paixão que desenvolvi, entretanto, pela pintura é tal, que tenho tirado horas ao sono, e, a pouco e pouco, tenho vindo a especializar-me em naturezas mortas. A minha fonte de inspiração? Castro Daire. Mas isto, atenção, só porque não tenho realmente disponibilidade para aprimorar o meu talento. Também por isso, não podeis concluir que as minhas obras reflectem a minha maneira de ser. Reflectem antes a falta de tempo para realizar a minha maneira de ser, o que é diferente, e daí as naturezas mortas...
Outros há, contudo, bem mais sortudos, que criam arte, e a arte que criam tem um elo directo com a sua maneira de ser. Ou seja, a obra espelha a alma do artista.
Passeiem pelas ruas da vila e verão, se abrirem bem os olhos, quantas obras de arte não existem à nossa volta, até debaixo dos nossos pés, quando passeamos serenamente... É só procurar. Ultimamente, até reparei, em especial, na profusão de pedra que há por aqui. Penso: Eeeeena, tantos calhaus!!! De quem será a autoria de tal "masterpiece"? - pergunto-me eu, totalmente maravilhado.
Desde então, tenho procurado por todo o lado e mais algum pelos autores de tantos, tantos calhaus...Quero conhecê-los, imbuir-me da sua mestria, tornar-me permeável aos seus ensinamentos, para que possa, ao menos, ter um vislumbre da sua genialidade, e descubra em que medida tais calhaus são sintomáticos do que os artistas são, ou seja, saber até que ponto os referidos calhaus espelham a alma de tais sumidades...
Mas tenho tido dificuldade em encontrá-las. Onde andam elas?...